sábado, 13 de fevereiro de 2010

Rumo

"Rumo" - Eis o título que escolhi para o artigo que "oficialmente" inaugura este Blogue. Reconheço que também eu andei muito sem rumo, sem direcção, sem algo que me fizesse caminhar estrondosamente sobre as vigas deste alçapão. Por alçapão entenda-se "vida", este caminho sinuoso que tantas e tantas vezes nos faz sentir confusos, nos faz sentir perdidos, porque também embrenhados num mundo que é cada vez mais de ilusão.

De ilusionismo é feito o mundo real, já que o antigo, o verdadeiro, não continua mais actual. De ilusionismo é feito o dia de cada um nós, de nós que absorvemos a realidade através da televisão, de nós para quem essa realidade é sinónimo de verdade, de nós que já não sabemos utilizar a razão.

Num mundo assim a realidade é então construída por ilusionistas, por especialistas das artes mágicas da comunicação. Num mundo assim são eles quem de facto nos dizem o que pensar, o que comprar e, em última análise, em quem votar.

Vivemos, pois, num mundo construído artificialmente, em que a imagem é rainha e todos, mas mesmo todos os pequenos e grandes defeitos são simplesmente apagados com num subtil toque de varinha.
Vivemos, pois, num mundo que cada vez mais apela à mediocridade, que cada vez mais apela ao produto atraente mas incipiente, ao comum, ao acrítico, ao produto sem autenticidade que apenas reproduz o que já existe, ao produto que é somente isso mesmo, um produto, ao produto "candidato" que apesar de charmoso só o é porque é fabricado, um fraco conteúdo num recipiente retocado.

Num mundo assim, se não queremos continuar a caminhar para o abismo da ditadura, da ditadura da comunicação, há que de novo por em prática aquilo que outrora já foi considerado um crime de irresistível tentação: há que voltar a ser livres e de, conscientemente, chamar-mos até nós os destinos desta orgulhosa nação.
Há que, de novo, retomar a tradição da crítica construtiva, da análise metódica e objectiva. Há que enfrentar o desafio de esta tradição nunca ter sido a nossa, o desafio de sempre termos suportado com paciência as ilusões de quem nos acabou sempre por fazer mossa.

Para isso deveremos, todos, não esperar por aquele alguém que nos há-de vir libertar, deveremos sim começar a dar “asas ao pensamento” e perder todo o medo de sonhar.

É este o intuito deste blogue: criticar, pensar, opinar e, porque não, fazer até sonhar, sonhar com um mundo diferente, com um mundo melhor, com um ser humano capaz de ser transcendente. Aqui se irá reflectir e divagar, sem espaço a preocupações com citações ou notas de rodapé.
Quer seja política, religião, cultura, economia, etc., aqui de tudo se falará... De tudo, contudo, aquilo que for permanente! Este irá ser, portanto, um espaço de criação, de originalidade, de opinião.... Um espaço que por o ser não deixará, não entanto, de abdicar da sua autenticidade, da objectividade analítica, da sua cientificidade. Um espaço que, espero eu, possa servir um dia de plataforma para a contrução de algo mais que um blogue, que possa servir um dia para um modelo de pensamento, para uma ferramente ao serviço do conhecimento.

Assim vos convido todos a participarem, a darem a vossa contribuição. Juntos iremos, com certeza, conseguir um dia ver para além de toda esta ilusão. Juntos alcançaremos o recreio das ideias, aquele lugar fantástico que vive em cada um de nós mas que frequentemente se encontra obstruido pelas imagens deste mundo repleto de teias.

Com um até já,

FPS