terça-feira, 25 de maio de 2010

Já Plinio o dizia...

No seguimento do post anterior, deixo-vos com uma passagem de Plínio, o Antigo, (famoso historiador romano) acerca da decisão do Imperador em aumentar a centesima rerum venalium, um imposto sobre as transacções muito á semelhança do nosso IVA, de forma a compensar o acréscimo de despesas com a máquina de guerra romana:
"Não houve em Roma imposto mais pesado e mais odioso do que o imposto sobre os consumos, porque pesava sobre os pobres".
Parece que ao longo da história sempre foram os mesmos a pagar a factura dos erros e excessos dos Estados...
Como curiosidade, depois de tanto ouvirmos a palavra "salário", já algum de vós se questionou do porquê de se empregar essa palavra relativamente à contrapartida paga aos trabalhadores pelo seu trabalho? Porque os romanos tinham o hábito de pagar essa contrapartida, não só em dinheiro, mas também em géneros, entre os quais constava o sal como um dos mais utilizados. Daí que genericamente se tenha passado a designar o valor pago aos trabalhadores de "salarium", a raiz da nossa palavra salário.

Aumento dos Impostos

Obrigado Sócrates! Obrigado PPC! Obrigado por, juntos, contribuirem para destruição e pauperização da Classe Média Portuguesa.Em relação a este último, a sua mudança de posição apenas um mês depois de ter sido eleito Presidente do PSD apenas pode ser sintomático de algo de muito mau para a política portuguesa.
Porquê? Porque apenas passada um mês vem prôpor precisamente o contrário daquilo do defendeu durante a campanha para as Eleições Directas do PSD, e por em cheque as suas próprias convições ideológicas e políticas. Não que o mesmo algo vez me tivesse convencido da sua complexidade e consistência ideológica e intelectual, mas porque todas as suas ideias se baseavam em principios vagos, motivados por alguma creça pessoal nas mesmas, admito, mas que acima de tudo se destinavam a manipular e mobilizar, com óbvios proveitos políticos, aquele eleitorado Social-democrada mais liberal do ponto de vista económica e ingenuamente adepto da teoria do Laissez-faire e da Mão invisível.
Agora, como se não bastasse ter feito aquilo que muitos contribui para a descredibilização da classe política portuguesa (mudar de opinião do dia para a noite), fá-lo da pior maneira, pactuando com um pacote de medidas que incidem sobretudo sobre um aumento do esforço contributivo das classes médias, sobretudo da sua franja mais baixa.
O aumento do IVA num período de crise e de enormes dificuldades para as classes mais baixas, apenas vem contribuir a degradação das condições de vida das mesmas (não fosse o IVA um imposto cego que penaliza a acima de tudo os mais pobres), e a pequena disparidade entre o aumento do IRS dos escalões mais baixos e dos escalões mais altos é absolutamente irrisório (de 1% para 1,5%).
Se realmente é necessário apertar o cinto, e de facto é, que então se faça apertar o mesmo aqueles que têm as calças mais largas. Havia muitas formas de conseguir arrecadar receita extra sem prejudicar os mais desprotegidos, mas para todas essas seria necessário um nível de coragem política que nenhum dos nossos representantes aparenta ter.
P.s.: Não me parece que o aumento dos impostos fique por aqui... Enquanto não se atacar estruturalmente os vicios que corroem o Estado e a sociedade portuguesa, todas estas medidas não passarão senão de balões de oxigénio. De Oxigénio que volta e meia se gasta e o qual é nessário voltar a repor.