segunda-feira, 19 de abril de 2010

A primeira semana do novo PSD

Escrevo este post, e ainda antes de falar sobre a famosa lei da rolha, a propósito de um artigo de opinião com o mesmo título que foi publicado na edição de hoje (19-04-2010) do Diário da República. Escrevo-o, não tanto por causa do artigo em si, mas fundamentalmente por força de um comentário deixado por um leitor interessado, e cujo teor e moldes de pensamento não pude deixar criticar. Ainda numa alusão ao post passado, o maior perigo à liberdade de expressão, muito para além das leis e da coacção jurídica e policial, é esta que este leitor evidencia nos seus escritos, é a coacção baseada na errada convicção de que a maioria tem sempre razão...
Assim, sem mais delongas e sob a forma de um comentário a um comentário, deixo-vos já uma pequena antevisão daquela que é a minha matriz política, e em grande medida a minha profunda convicção daquele que será o futuro do PSD.
Assim, transcrevo de seguida o comentário deixado por ajpestana, e também a minha resposta ao mesmo.
ajpestana:
"A única forma de o PSD recuperar a sua imagem de partido moderado, responsável e de poder, é através da cooperação com o partido do governo e com o governo. Não há outra forma. Depois de mais de dez anos de radicalismo, extremismo retórico e de incompetência extrema quando foi chamado ao poder, o PSD tem trabalho pela frente, bem como muita gente insatisfeita pela mudança que o partido está sofrer. Não me surpreenderia se a ala extremisma do partido que perdeu a mais importante batalha há dias, não fique calada e quietinha... Aquele tipo de gente não tem honra e muito menos civismo. É ter cuidado com eles e com elas, que de um momento para outro, estragam tudo e mais alguma coisa."
Fernando Santos:
Se há coisa que há-de ficar para a história, é que as últimas eleições para a liderança do PSD resultaram num ponto de viragem ideológico (quem sabe apenas temporário) daquele que é o maior partido da oposição. Com a vitória de Pedro Passos Coelho, o PSD encostou-se decisivamente à direita, a uma direita neo-conservadora de contornos ainda por descortinar, pois que o seu próprio discurso se pauta por ser demasiado vago e por vezes até ambíguo. Por isso não podia estar mais enganado o nosso amigo ajpestana, dado que a época do extremismo no PSD começou agora, com o ataque ao Estado Social e apologia algo mística do sector privado protagonizada pela máxima "é preciso tirar o Estado da economia sem contudo se aperceberem que foi precisamente esse tipo de discurso e de práticas que conduziram o mundo para a grave crise em que nos encontramos. A época do extremismo no PSD começa então agora, pois é a época que marca a ascensão ao poder de PPC com o apoio de uma geração de políticos francamemente débil em termos intelectuais e profissionais (veja-se a composição dos órgãos nacionais e perceba-se com terror quem lá está) sem a mínima noção daquilo que é a matriz social-democrata e daquelas que foram as suas conquistas ao longo do século XX, nomeadamente a da implementação de um Estado Social assente na participação activa do Estado na Sociedade na Economia, nomeadamente no combate às falhas protagonizadas pelo mercado.
Deste modo, a entrar o PSD numa fase de extremismo, esta teria inicio precisamente agora, numa altura em que o partido se está a transfigurar numa outra coisa qualquer, numa coisa que ninguém ainda consegue identificar, mas que não é social-democrata com toda a certeza. Daí não só é compreensível que haja quem não fique quietinho, nem caladinho, como é de louvar quem o faça. Pois quem o fizer vai estar a agir no melhor interesse do partido e, em última análise, no melhor interesse do país. Num espaço informativo, mesmo que de opinião, há que procurar ser objectivo naquilo que se transmite, e não somente lançar suspeições infundadas e acusações.
É quem o faz que estraga tudo e mais alguma coisa, é quem o faz que fomenta a triste situação de Portugal, um país em que sempre se deu mais importância ao pacote do que ao seu conteúdo. Num país assim, PPC, ganhará as eleições... Num país a assim a crise vai sobrar, indubitavelmente, e cada vez mais para aqueles que menos recursos têm, para aqueles que mais carecem da intervenção do Estado na Economia para assim assegurem o respeito pelos seus direitos mais fundamentais. Num país assim, para quê falar da honra dos outros quando nem sequer a temos para nós próprios.
Post Scriptum: Desengane-se quem pensar que PCC ganhou pelas suas ideias... Pois ganhou sim, mas por via do interesse pessoal daqueles que o apoiaram.
Assim temo pelo meu PSD...

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